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E disse ter conversado com técnicos da Saúde sobre cloroquina, mesmo o medicamento sendo rejeitado cientificamente para tratar da Covid-19. A médica negou ainda que tenha conversado com o presidente sobre vacinas ou sobre imunidade de rebanho. Ela compareceu à CPI na qualidade de convidada, pelos senadores Eduardo Girão e Marcos Rogério
A médica oncologista Nise Yamaguchi negou, em depoimento à CPI da Covid-19 no Senado, nesta terça-feira (1º), a existência de “gabinete paralelo” de aconselhamento ao presidente Jair Bolsonaro para ações de enfrentamento à pandemia.
Ela disse ainda à CPI, que conversa principalmente com a área técnica do Ministério da Saúde sobre o uso da cloroquina, ainda que não haja eficácia científica comprovada do medicamento contra a doença.
Esta negativa da médica se choca com outros depoimentos e deverá render acareação, com foi aventado pelo presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM). E também sobre a alteração da bula da cloroquina, como disse o presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) Antonio Barra Torres, no depoimento dele à CPI na semana retrasada.
“Então, o presidente da Anvisa mentiu?”, questionou o relator. “Eu acho que ele, pelo menos, deveria, então, apresentar a minuta, porque, nesse momento, não houve minuta de mudança de bula. Eu estou explicando para o senhor que depois eu tive acesso ao que era a mudança de situação baseada na RDC, que era simplesmente a discussão se a gente conseguiria ter medicamento”, explicou Yamaguchi.
“Então, de quem foi a ideia da mudança da bula? Foi da senhora ou não?”, insistiu Renan. “Não, não existiu”, respondeu a médica.
Em depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid-19 no Senado, a médica reiterou que não conhece ou integrou qualquer grupo de assessoramento paralelo a Bolsonaro, e ponderou que se reuniu pouco com o presidente da República.
“Eu desconheço um gabinete paralelo e muito menos que eu o integre”, disse Yamaguchi ao relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL). “Sou colaboradora eventual de qualquer governo que precisar de mim”.
IMUNIDADE DE REBANHO
Questionada, a médica disse que não poderia indicar outros participantes do gabinete, já que não reconhece existência desse. Ela negou ainda que tenha conversado com o presidente sobre vacinas ou sobre imunidade de rebanho.
Segundo Yamaguchi, boa parte das conversas ocorreu com a equipe técnica do Ministério da Saúde, principalmente sobre o uso da cloroquina para o tratamento da Covid-19 — ainda que não haja eficácia comprovada do medicamento contra a doença.
Yamaguchi, declarada defensora da cloroquina e do chamado “tratamento precoce” contra a Covid-19 com remédios que não tiveram eficácia comprovada contra a doença, seria uma das integrantes do chamado “gabinete paralelo” que estaria aconselhando Bolsonaro nas ações de combate à Covid, que é investigado pela CPI.
A médica compareceu à CPI como convidada, por requerimento apresentado pelos senadores governistas Eduardo Girão (Podemos-CE) e Marcos Rogério (DEM-RO).
M. V.