A taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no estado de São Paulo está em mais de 82%. As internações já cresceram 17% em um mês, com 11 mil pacientes internados. Dos 17 Departamentos Regionais de Saúde (DSR) do estado de São Paulo, 14 estão com o índice de ocupação de leitos para UTI altos, segundo dados da Fundação Seade, obtidos via Secretaria Estadual da Saúde.
A situação é mais grave em Marília (95,6%), Barretos (95,1%), Ribeirão Preto (93,7%), Presidente Prudente (93,5%) e São João da Boa Vista (90,9%), com índices que ultrapassam a marca de 90% de ocupação.
Por recomendação do Centro de Contingência, municípios com mais de 90% de taxa de ocupação de leitos de UTI podem adotar mais restrições do que as atuais estabelecidas pela Fase de Transição.
Em algumas regiões, como Presidente Prudente (85,5%), Marília (85,5%) e Sorocaba (80,5%), a ocupação dos leitos de enfermaria para pacientes com Covid-19 também preocupa e registra taxa superior aos 80%.
Na Grande São Paulo, o índice é de 79,5%. Segundo o Sindicato de Hospitais Particulares, a rede privada também está lotada: quase 90% das unidades de São Paulo tem ocupação superior a 80%.
Na capital paulista, a previsão de gestores é de que a situação piore a partir do próximo dia 20. “Mesmo com o crescimento de 250 leitos, podemos ter um estresse na rede hospitalar pública”, afirma o secretário de saúde do município, Edson Aparecido.
As taxas de ocupação de leitos não-Covid também já estão atualmente acima de 90% na capital, o que aumenta a dificuldade para que estruturas sejam adaptadas de forma emergencial.
O estado de São Paulo está, desde 18 de abril, na chamada “fase de transição” do Plano São Paulo, que regula o funcionamento dos setores da economia.
Esta fase, criada para representar uma etapa transitória da fase emergencial, a mais rigorosa da quarentena, não leva em consideração os indicadores da pandemia no estado.
Ao ultrapassar o patamar de mais de 11 mil pacientes em UTI nesta semana, São Paulo voltou para um patamar que era não observado desde 23 de abril.
Segundo levantamento feito com dados da Secretaria Estadual de Saúde, a internação total de UTI têm subido diariamente no estado há 22 dias consecutivos.
Abril foi o mês mais letal desde o início da pandemia. O colapso no sistema de saúde também fez com que mais de 500 pessoas morressem à espera de um leito de UTI no estado.
Embora em maio tenha sido observada uma queda no número de internações, casos e mortes, essa queda não foi suficiente para voltar a patamares anteriores às do pico da segunda onda.
Esse novo aumento de internações de junho – chamado de terceira onda da epidemia ou de repique da segunda onda – preocupa cientistas e infectologistas porque acontece no momento em que o sistema de saúde já está sobrecarregado com taxas de ocupação acima de 80%.
Em fevereiro, antes do início da segunda onda, as ocupações de UTI no estado mantinham média de 66%.
O presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, acredita que a preocupação ainda é com a circulação de novas variantes – como a Delta, originária da Índia. “A variante pode nem ser agressiva. Mas se ela é mais transmissível, traz mais hospitalizações e mortes. Com a chegada de mais vacinas, conseguiremos vacinar toda a população brasileira até o fim do ano. Esse cenário é transformador”.