O secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos (SCTIE) do Ministério da Saúde, Hélio Angotti Neto, rejeitou os recursos apresentados pelos pesquisadores que rejeitam a incorporação do kit Covid (medicamentos ineficazes) no Sistema Único de Saúde (SUS).
Os recursos contestaram a decisão de Angotti, que não aceitou o relatório aprovado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) contrário aos medicamentos ineficazes contra a doença.
Além do grupo chefiado pelo doutor Carlos Carvalho, responsável pelos estudos encomendados pelo Ministério, outras organizações também se manifestaram. Todos os seis recursos enviados ao ministério foram negados.
Apresentaram ainda recursos a Instituto de Avaliação de Tecnologias em Saúde (IATS), a Rede Paulista de Avaliação de Tecnologias em Saúde (Repats) e a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).
O documento assinado por Carlos Carvalho rebate a decisão de Angotti em cada questão contra a ciência e antivacina e foi enviado para a SCTIE na sexta-feira, dia 4 de fevereiro.
Agora, os recursos deverão ser analisados pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.
Angotti é seguidor do falecido astrólogo Olavo de Carvalho, o ex-guru do bolsonarismo, e entusiasta do chamado “tratamento precoce” com remédios ineficazes contra a Covid-19.
NOTA
Em uma nota técnica divulgada na página da Conitec, o secretário Hélio Angotti listou uma série de justificativas irrelevantes para não acatar as recomendações da Conitec. Entre elas, Angotti citava o “respeito à autonomia profissional” e a “necessidade de não se perder a oportunidade de salvar vidas”. O secretário também acusou a elaboração dos estudos de seguir um “possível viés na seleção de estudos e diretrizes”.
Na nota técnica, a pasta publicou uma tabela que afirmava haver efetividade e segurança no uso de hidroxicloroquina no tratamento contra a Covid-19. O documento negacionista dizia que não existe efetividade e segurança no uso de vacinas contra a Covid-19.
Depois de uma avalanche de críticas dos cientistas e da sociedade em geral, a tabela foi retirada do documento, mas o governo manteve a rejeição aos estudos da Conitec.
O partido Rede Sustentabilidade entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o Ministério da Saúde pela decisão retrógrada.