O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou a abertura de inquérito para investigar se o ex-ministro Geddel Vieira Lima e seu irmão, o deputado Lúcio Vieira Lima (MDB/BA), cometeram crime de lavagem de dinheiro a partir da locação de maquinário agrícola e venda simulada de gado.
A Procuradoria-Geral da República pediu a apuração dentro de inquérito que investiga prática de peculato, ou seja, se a família se apropriou da remuneração de secretários parlamentares.
Os investigadores querem aprofundar a investigação sobre a suposta compra e venda simulada de gado, o chamado gado de papel. A técnica costuma ser empregada em lavagem de dinheiro, porque consiste na simulação de criação para posterior venda, o que daria ensejo à justificativa lícita a dinheiro de origem delituosa.
“Documentos apreendidos indicam rebanho de 9.296 animais. Porém, documentos emitidos pela Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia indicam 11.855 animais. Tal diferença (2.549 animais ou 27,53%), considerado o preço da arroba na região, conforme levantamentos pela Polícia Federal, permitiria a lavagem de R$ 6,5 milhões”, afirmou a PGR.
Com relação à lavagem de dinheiro pela locação de maquinário agrícola às fazendas da família Vieira Lima, a procuradoria relatou ao STF que há indícios de que Valério Sousa, pai de um assessor fantasma da família, expedia “recibos de valores milionários” pela modesta JR Terraplanagens LTDA, sendo que a empresa aparenta não ter estrutura para locar equipamentos para as doze fazendas da família.
Geddel está preso desde setembro do ano passado em razão de outro caso: a descoberta no ano passado de um “bunker” em Salvador onde eram escondidos R$ 51 milhões. O proprietário do apartamento, Silvio Antonio Cabral da Silveira, disse que esperava encontrar no imóvel livros e quadros, mas se surpreendeu quando viu na Polícia “um bocado de mala cheia de dinheiro”.
Em depoimento prestado há menos de um mês a um juiz auxiliar do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, o empresário reforçou que não sabia que o apartamento seria usado para guardar dinheiro. Ele também reafirmou que cedeu o imóvel a pedido de Lúcio Vieira Lima. Segundo o empresário, o deputado informou, à época, que precisava do local para guardar os pertences do pai falecido.
Geddel foi ministro da Integração no governo Lula, e vice-presidente de pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal (CEF) no governo Dilma, período em que a corrupção tomou conta do órgão. E foi secretário de governo de Temer.
W. F.