Sustentado pelos juros, banco espanhol continua lucrando com a crise
O banco espanhol Santander registrou, em 2018, um aumento de 52,1% no seu lucro líquido no Brasil, totalizando uma soma de R$ 12,166 bilhões. Resultado semelhante não foi obtido por nenhum índice econômico – e provavelmente, por nenhuma empresa produtiva no país – durante esse período de crise aguda que afeta vários setores da economia. Menos os bancos.
A instituição financeira divulgou hoje, dia 30, o seu resultado anual, apontando também aumento de 24,6% no lucro gerencial – aquele que exclui todos os fatores extraordinários da operação, como por exemplo a compra de uma nova empresa, os gastos indenizatórios de um processo judicial, etc.
“Em 2018, mesmo com crescimento em ritmo moderado dos indicadores de atividade econômica, fomos capazes de crescer dois dígitos a carteira de crédito em relação a 2017, expandindo de forma rentável nossa participação de mercado”, disse o Santander no relatório de divulgação dos resultados.
A receita para lucrar na crise é contar com o apoio do Banco Central na hora de praticar uma das maiores taxas básicas de juros do mundo e de permitir que as instituições bancárias se comportem como agiotas na hora de conceder crédito.
O Santander atribui à sua crescente rentabilidade no Brasil justamente às operações de crédito, especialmente de pessoa física, contornando a crise pela qual passa o setor produtivo e as empresas.
Essa modalidade se tornou mais rentável primeiro porque as pessoas têm recorrido a empréstimos, ao cheque especial e ao cartão de crédito para despesas cada vez mais corriqueiras – também por conta da crise. Segundo porque essas operações de crédito têm as maiores taxas de juros (em média de 300% ao ano), fazendo com que os bancos literalmente ganhem com a crise.
A carteira de crédito do Santander foi a R$ 386,736 bilhões ao final de dezembro, elevação de 1,6% ante setembro e de 11,2% em 12 meses. O destaque ficou justamente com pessoas físicas. Já o crédito a grandes empresas encolheu 5,0% no trimestre e 3,6% no comparativo anual.
Patrimônio engordando
Os salários permanecem arrochados e o desemprego em níveis elevados, mas a operação do Santander no Brasil garante aos espanhóis o posto de maior fonte de lucro. O desemprenho do banco aqui representa uma fatia de 26% do lucro do banco em 2018.
Lucrando com a crise, o Santander encerrou o ano com patrimônio líquido de R$ 64,572 bilhões – um crescimento de 10,2% em um ano.