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Os trabalhadores da limpeza urbana de São Paulo paralisaram suas atividades por 24 horas, nesta terça-feira (08), e realizaram ato em frente à Prefeitura da capital paulista. A categoria reivindica que seja incluída no plano de imunização pelo caráter essencial do serviço prestado que fez com que os cerca de 17,5 mil trabalhadores mantivessem suas atividades desde o início da pandemia, em março do ano passado.
“É justo que as categorias que estão entre as que mais se expõem, em nome da saúde de todos os paulistanos, sejam colocadas imediatamente na prioridade da vacinação contra a Covid-19. Esses trabalhadores e trabalhadoras atuam incessantemente, inclusive nos momentos mais críticos desta grave crise de saúde pública, colocando suas vidas e de seus familiares em risco, oferecendo um serviço essencial para o controle da pandemia em toda a sociedade e contribuindo diretamente para a redução dos índices de contágio desta doença”, disse André Santos Filho, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Prestação de Serviços de Asseio e Conservação e Limpeza Urbana de São Paulo (Siemaco-SP).
“No ano passado, quando todo mundo parou e nós não, os casos estavam um pouco melhores, não sofremos tanto. Mas agora está muito difícil. Temos notícia de colegas doentes a todo momento, apertou muito”, conta André Santo Filho.
De acordo com o Siemaco-SP, desde o início da crise sanitária, já houve mais de 60 mortes na categoria, com quase 2 mil casos confirmados só na capital. André lembra que os trabalhadores temem por colocar suas famílias em risco. “Todos ficam com medo de não só se infectar como passar a doença para quem mais amam”, disse o presidente do Siemaco-SP.
Além do medo de se contaminarem, os afastamentos também oneram os colegas que continuam a trabalhar. Com menos funcionários em campo, sobra funções aos que não ficaram doentes.
“Um coletor corre de 20 a 30 km por dia, a gente estima. Tem que ser um jovem de 30 anos. Se ele fica doente, não é qualquer um que o substitui. Por outro lado, com 30 anos, sem ser prioridade, ele só vai ser vacinado lá para setembro. Mais alguns meses”, afirma Santos.
Ainda de acordo com a entidade, a paralisação foi a única forma encontrada para chamar a atenção da população e das autoridades, pois, por diversas vezes, os representantes da categoria tentaram dialogar com o governo.
“Foram protocolados pedidos ao governador João Dória Júnior, ao então prefeito Bruno Covas, à Secretaria Municipal de Saúde, à Câmara Municipal de São Paulo e diretamente à Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (Amlurb)”, afirma o Siemaco-SP em nota.
A nota diz ainda que não houve, sequer, respostas aos pedidos. “Uma demonstração de descaso total com esses trabalhadores e trabalhadoras que tanto fazem pela nossa cidade e pelos paulistanos”, diz a nota.
Os trabalhadores afirmam que só foram recebidos no Palácio dos Bandeirantes pela secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen, segunda-feira (07), após ameaça de greve.
“O risco de contágio na Limpeza Urbana é alto, por conta da forma de trabalho exercida por esses profissionais, seja na varrição das ruas, dentro dos caminhões de coleta, no recolhimento de grande quantidade de lixo infectado e outros postos de trabalho que, consequentemente, os deixam expostos diretamente ao vírus”, diz a entidade.