Estados já decretaram Calamidade de Saúde e epidemia atinge mesmo ritmo da situação da Itália
Jair Bolsonaro afirmou, na sexta-feira (20), em coletiva de imprensa que, “se não foi a facada, não será uma gripezinha dessa que vai me parar”. Em todas as vezes que falou, o presidente insistiu em criticar governadores que tomaram decisões para combater o coronavírus.
As críticas de Bolsonaro aos governadores estão sendo vistas como um comportamento de quem chegou atrasado na luta contra o coronavírus, afinal, até domingo passado, dia 15 de março, o presidente estava estimulando aglomerações pelo país afora, e achava que a tal “gripezinha” do coronavírus não passava de uma “fantasia inflada pela mídia brasileira” para prejudicá-lo.
Esta atitude de Jair Messias Bolsonaro, que insiste em desdenhar a gravidade da epidemia, está destoando completamente das preocupações e problemas vividos pela população, das orientações de seu próprio Ministério da Saúde, que chegou a alertar que no final de abril o sistema de saúde brasileiro vai entrar em colapso, e das medidas tomadas pelos governadores.
Com medidas insuficientes, o governo federal, através de seus órgãos e agências reguladoras, está atrapalhando o combate à disseminação do coronavírus. Cinco governadores de estado, RS, RJ, BA, PR e SC, determinaram o fechamento de seus territórios para a entrada de pessoas vindas de outros estados e, ao invés de apoiar e regulamentar a decisão, o Planalto resolveu criticar.
Vários estados já decretaram Estado de Calamidade Pública e a epidemia brasileira já atingiu o mesmo ritmo da epidemia na Itália. A população está sendo orientada a permanecer em casa. Bolsonaro acha tudo isso um exagero. Ele disse na coletiva que “os governadores estão criando pânico desnecessário”.
É evidente que os fechamentos de aeroportos e dos transportes rodoviários não são inflexíveis. Eles têm como objetivo reduzir a circulação de pessoas, como determina o Ministério da Saúde. Não estarão bloqueados os transportes de produtos, como foi citado na entrevista. É como se esta circulação de mercadorias fizesse parte das decisões dos governadores. Os governadores fizeram severas críticas à falta de ação do governo federal. O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, chegou comparar a atuação do governo federal a uma tartaruga.
Uma outra inverdade dita por Bolsonaro foi a de que não há nenhum problema com o governo da China. Na manhã desta sexta-feira (20), a embaixada da China emitiu nota de repúdio ao filho do presidente pelos ataques feitos por ele ao povo chinês e rejeitou a posição tomada pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que avalizou a agressão de Eduardo Bolsonaro e cobrou desculpas da embaixada.
O ataque de Eduardo foi gratuito e veio logo em seguida da viagem que fez aos EUA. “Quem assistiu Chernobyl vai entender o q ocorreu. Substitua a usina nuclear pelo coronavírus e a ditadura soviética pela chinesa. […] +1 vez uma ditadura preferiu esconder algo grave a expor tendo desgaste, mas q salvaria inúmeras vidas. […] A culpa é da China e liberdade seria a solução”, publicou o filho de Bolsonaro, na quarta-feira(18).