Frustração e multas fizeram os participantes esbravejarem contra tudo e contra todos no encerramento do ato
O tumulto que Bolsonaro aprontou na cidade de São Paulo neste sábado (12), ao imitar as conhecidas motociatas que o fascista Benito Mussolini fazia na Itália, reuniu 12 mil motos, segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Um número bem abaixo das expectativas de Bolsonaro, que esperava a presença de 300 mil motoqueiros.
“Deve ter umas 300 mil motos para mais. Com isso, se colocar numa pista tripla dá uns dez quilômetros”, estimou ele, em conversa com apoiadores e parte da imprensa no início da manhã da sexta-feira (11).
A pouca adesão, agravada pelo fato de que pelo menos 6 mil participantes eram personagens responsáveis pela garantia da segurança do evento, deverá levar Bolsonaro a pedir a “demissão” dos 288 mil participantes esperados, que faltaram ao chamado do chefe.
Na ocasião em que previu as 300 mil motos, ele ironizou a ameaça de multa feita pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Errou duas vezes. No tamanho do ato e na punição. Bolsonaro, o ministro Tarcísio de Freitas e o filho de Bolsonaro acabaram multados por promoverem aglomeração e transitar sem máscara em desrespeito às normas sanitárias do estado.
Ao final do passeio de moto, Bolsonaro subiu no palanque montado num trio elétrico no Parque do Ibirapuera e, diante de seus seguidores, voltou a atacar as medidas de combate ao coronavírus, particularmente o distanciamento social e o uso de máscaras. No início desta semana, ele tentou forçar seu ministro da Saúde a abolir o uso de máscara para quem já tivesse sido vacinado ou que já tivesse sido infectado pelo vírus. Diante da reação geral contra a medida, considerada um absurdo por todos os especialistas, ele foi obrigado a recuar.
Em seu discurso, Bolsonaro atacou o governador João Doria (PSDB) com palavras de baixo calão, voltou a defender o uso da cloroquina, medicação ineficaz para o tratamento de Covid-19 e a desdenhar a importância da vacinação.
Ele mentiu mais uma vez ao afirmar que os vacinados não transmitem a doença. Não é essa a posição dos médicos e demais autoridades sanitárias do Brasil e do mundo. Somente quando o índice de vacinação atingir a maioria da população e a taxa de infecção cair significativamente, como está ocorrendo em alguns países, é que se pode avaliar a flexibilização das medidas de proteção contra o vírus.
Essa é a terceira vez que Bolsonaro imita Mussolini e provoca tumulto em cidades brasileiras. Começou agitando Brasília com a primeira motociata, depois foi para o Rio de Janeiro e, agora, foi a vez de atrapalhar o trânsito em São Paulo.
Enquanto Bolsonaro passeia pelas várias capitais do país, ajudando a espalhar o vírus, o Brasil aproxima-se rapidamente dos 500 mil mortos por Covid-19. O desdém de Bolsonaro com a gravidade da pandemia, é repudiado pela maioria da população, segundo a pesquisa XP/IPespe, divulgada na sexta-feira. 58% dos entrevistados reprovaram e apenas 22% concordam com suas opiniões e atitudes.
Leia mais